quinta-feira, janeiro 04, 2007

questão... fracturada

Parece que de fracturante, a questão do aborto começa, ela sim, a dar sinais de estar... "fracturada". Estava escrito, era fatal como o Destino e o fado! Não havia de ser "uma questão" a dividir um povo que, para além de nunca ter apreciado muito a ideia do domínio espanhol, gosta mesmo é de estar unido: unido pela sua Liberdade (1974), pela de Timor ou... pela Selecção Nacional.


Sob tamanha pressão, de tanto porfiar a dividir o que tão fortemente tende para a união, eis que abre brechas, divide-se e esmigalha-se ela própria - a questão.


Verdade seja dita que para tal também terá ajudado bastante a forte "bordoada" da "crítica da razão pura" expressa nas Declarações de Voto, vencidos embora, de praticamente metade dos (realmente) Doutos Juízes do Tribunal Constitucional. Por mais de um momento, ao lê-las, que se nos perdoe o pecado do certo e desculpável orgulho nos nossos Magistrados!

E assim, a questão da liberalização do aborto que:

já não demarcava o campo da religião do do ateísmo, com "católicas pelo sim" e "ateus pelo não"[1];

já não era uma questão esquerda-direita, com cada vez mais numerosas e respeitáveis vozes a demonstrar que a verdadeira esquerda, a esquerda dos valores, só pode estar com o sim à Vida dos mais desprotegidos - os nascituros - (Matilde Sousa Franco, Jacinto Lucas Pires, Cláudio Anaia, ...);

já não é sequer uma questão partidária desde que, talvez à excepção do Bloco de Esquerda (mesmo assim com dúvidas), os militantes de todos os partidos se distribuem pelos dois lados da peleja;


... a questão do "aborto a pedido" tornou-se então o quê?

Desde que, paulatinamente, as ciências (e os endoscópios) vêm iluminando todo o processo de desenvolvimento da vida humana intra-uterina, do lado do "aborto livre" só restam mesmo alguns nostálgicos da "sociedade planificada", da "família planificada", armando as suas construções teóricas com a massa... das clínicas e multinacionais abortistas, com o seu espaço de intervenção progressivamente reduzido nos países que mais prematuramente cederam à sua "canção do bandido" - e amargamente foram aprendendo a dura lição... do erro. E estão do lado do "aborto livre", é claro, alguns governantes que não enxergam para além do Défice e pretendem, com o aborto, subtrair o Estado Português às suas responsabilidades para com as mães e os pais portugueses, a quem , no seu próprio interesse de médio e longo-prazo, deve auxílio. A esses, então, recordemos as palavras do "profeta":

«Há mais Vida para além do défice


[1] Donald Marquis, "Why abortion is immoral", The journal of Philosophy, 86 - 4, 1989, pp. 183-202

Sem comentários: